No dia 8 de março de 2014 por volta das 00h52m um Boeing 777-200ER da Malaysia Airlines com prefixo 9M-MRO, descolou da pista 32R do Aeroporto de Kuala Lumpur com destino ao Aeroporto Internacional de Pequim na china com 239 pessoas a bordo, mas a aeronave nunca chegou ao seu destino final, e hoje quase 10 anos depois vamos analisar o ultimo relatório oficial do voo MH370 e tentar perceber um pouco mais o que aconteceu naquela fatídica noite de março.

A ultima dança do MH370

Tinha tudo para ser uma noite bastante tranquila, o pilot-in-Command ou PIC (Piloto em Comando) entrou ao serviço às 22h50m seguido pelo First Officer que entrou 25 minutos mais tarde, a aeronave um Boeing 777-200ER com prefixo 9M-MRO contava com mais de 53.000 horas de voo e tinha passado por uma manutenção de rotina dez dias antes sem que tenha sido detetada nenhuma anomalia.
À permissão para a execução do voo foi dada às 23h15m pelo Centro de Despacho de Operações, a aeronave foi abastecida com 49.100kg de combustível o que permitia um alcance de 7h31m o que era suficiente para o voo de 5h34m que a aeronave iria realizar. À 00h40m do dia 8 Março a Torre de Kuala Lumpur deu permissão ao voo MH370 de descolar da pista 32R com 239 pessoas a bordo, logo após a descolagem a aeronave subiu até ao nível de voo FL180 (O termo na aviação que se refere a 18.000ft), à 00h46m foi autorizado a subir para o nível de voo FL250 (25.000ft) e consequentemente para o nível de voo FL350 (35.000ft) à 01h01m.
Os pilotos contactaram o Centro de Controle da Área de Ho Chi Minh (Vietnam) à 01h19m com a mensagem “Good Night Malaysian Three Seven Zero”(“Boa Noite Malásia Três Sete Zero”), esta mensagem foi a ultima gravação de radio vinda do MH370. Até este momento o voo estava a correr como planeado. Os problemas começaram a surgir quando a aeronave desapareceu dos radares de Kuala Lumpur, Vietnam e Tailândia à 01h21m.
Todas as informações obtidas após à 01h21m foram recolhidas através do Radar Militar da Malásia, o mesmo radar detetou que logo após o desaparecimento da aeronave dos radares civis, que o Boeing 777 executou uma curva para a direita e logo em seguida uma curva acentuada para a esquerda para uma Heading(proa) de 273º, entre à 01h24m e à 01h37m o radar detetou alterações de proa entre 8º e 20º, variações de velocidade entre os 451kt e 529kt e uma alteração na altitude entre 31.150ft e 39.116ft. Entre a 01h37m e a 01h51m a aeronave tinha uma proa (Heading) entre os 239º e os 255º a altitude variou entre os 24.450ft e os 47.500ft e a velocidade entre os 532kt e os 571kt, à 01h52m a aeronave foi detetada a 10nm (milhas náuticas) do sul da ilha de Penang com uma proa de 261º a 525kt e uma altitude de 44.700ft. Às 02h01m o radar militar registou a aeronave com uma proa de 022º a uma velocidade de 492kt e uma altitude de apenas 4.800ft, às 02h03m a aeronave desapareceu do radar e só voltou a reaparecer às 02h15m e o ultimo registo do MH370 por qualquer radar foi feito às 02h22m quando a aeronave se encontrava a 195nm (milhas náuticas) de Butterworth com uma proa de 285º, uma velocidade de 516kt e uma altitude de 29.500ft.

Gráfico das alterações de altitude (em pés[ft]) registadas pelo radar militar
Gráfico das alterações de velocidade (em knots [milhas náuticas por hora]) registadas pelo radar militar

A Investigação

A procura pelo MH370 começou no dia 8 de Março de 2014 e duraram 1046 dias até ao dia 17 de Janeiro de 2017 quando as operações foram suspensas com a decisão do governo da Malásia, Austrália e Republica Democrática da China. Foram 52 dias de buscas ao nível da superfície envolvendo aeronaves e barcos, cobrindo uma área de milhões de quilómetros quadrados. As procuras subaquáticas começaram com o mapeamento no total de 710.000 quilómetros quadrados do oceano e continuaram com um sonar de ultra resolução que cobriu cerca de 120.000 quilómetros quadrados. A última embarcação saiu da aérea de procura subaquática no dia 17 de Janeiro de 2017 sem detetar a aeronave desaparecida mas com alguns destroços encontrados que indicam ser do MH370. Contudo estudos científicos têm procurado pista mas não há nenhuma nova informação que permita determinar a localização da aeronave.
O relatório oficial de 2018 no qual este artigo é baseado apenas consegue sugerir que com base nos destroços encontrados que o Boeing 777 se despedaçou, contudo não existe informação suficiente para perceber se a aeronave se despedaçou no ar ou durante o impacto com o oceano. A possibilidade de desativação proposital dos sistemas e desvio proposital da rota por parte da tripulação ou algum passageiro não pôde ser descartada sem examinação das caixas negras e dos destroços da aeronave. A conclusão final do relatório diz o seguinte: “In conclusion, the Team is unable to determine the real cause for the disappearance of MH370.” (“Concluindo, a Equipa não consegue determinar a verdadeira causa do desaparecimento do MH370.”).

Reconstrução aproximada da rota de voo original (Vermelho) e da rota de voo executada pelo MH370 (Branco) com base nos dados recolhidos do Radar Militar [Não se encontra à escala]

O relatório é a representação de uma busca incessante por respostas naquele que é o maior mistério da história da aviação comercial moderna, este relatório datado de julho de 2018 com mais de 490 páginas mostra que por muito mais perfeito que um sistema seja, vai sempre existir falhas. Nesta era tecnológica que estamos a viver, a comunidade de aviação internacional precisa fornecer garantias aos passageiros de que a localização de aeronaves comerciais da geração atual são sempre conhecidas. É inaceitável fazer
de outra forma. 10 anos se passaram desde o desaparecimento da aeronave com muitas perguntas sobre o que realmente aconteceu ao Boeing 777 e às 239 pessoas a bordo, mas acreditamos que a aeronave vai ser localizada para fornecer respostas às famílias dos passageiros e da tripulação do MH370 e finalmente concluir este mistério.

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