David Calhoun o homem colocado na liderança da Boeing no momento mais difícil que a empresa ja passou em décadas de existência, hoje é considerado culpado e responsável pelo fracasso e pelos problemas da gigante norte americana.

Em 13 de janeiro de 2020, o atual CEO da Boeing, David Calhoun, assumiu o cargo de Diretor Executivo, sucedendo a seu antecessor, Dennis Muilenburg. No entanto, Calhoun já desempenhava o papel de Chairman não executivo desde outubro de 2019. Nessa época, o conselho de acionistas da Boeing optou por separar as funções de Chairman e CEO, anteriormente ocupadas por Muilenburg, com o objetivo de permitir que o CEO se concentrasse integralmente na empresa, especialmente no desafio de reintegrar os modelos 737 MAX-8 na frota de aeronaves em serviço.

A mudança na liderança foi uma resposta à necessidade de restaurar a confiança no avanço da empresa, após dois acidentes envolvendo o mesmo modelo de aeronave em um período de seis meses. Em 23 de dezembro de 2019, a Boeing anunciou a renúncia de Muilenburg ao cargo de CEO e sua saída do conselho de acionistas. Segundo o conselho, a decisão visava iniciar uma nova fase, concentrando-se na reconstrução de relacionamentos com reguladores, clientes e demais partes interessadas, a fim de restabelecer a confiança na empresa.

A missão difícil do Homem de negócios

O novo CEO da Boeing assumiu a responsabilidade de restaurar a grandiosidade da empresa e reconquistar a confiança do público e das companhias aéreas, especialmente diante da proibição global de voo imposta ao 737 MAX 8 por diversas entidades reguladoras. Calhoun, embora não seja um engenheiro, mas sim um empresário, definiu um único objetivo: reintegrar o 737 MAX nos céus e assegurar a segurança de todas as aeronaves. Esta missão representou um desafio significativo para alguém que não possui formação técnica no ramo, mas que estava determinado a liderar a Boeing em direção à recuperação e à reconstrução da confiança na qualidade e segurança de suas aeronaves. Essa recertificação foi alcança no final de 2020 quando o primeiro voo comercial com um 737MAX 8 foi executado novamente, iniciando assim o retorno da aeronave ao serviço.

Quatro anos se passaram desde que Calhoun assumiu a liderança da empresa americana, e os problemas anteriores com o 737MAX pareciam ter sido superados pela opinião pública. A Boeing estava gradualmente se recuperando e retomando sua posição de destaque na indústria aeroespacial. No entanto, no início de 2024, a empresa enfrenta novos desafios, desta vez relacionados ao modelo 737MAX 9, uma versão ligeiramente maior do que o MAX 8.

Recentemente, surgiram preocupações em relação à segurança da aeronave, pois uma das tampas da fuselagem, destinada à instalação de uma saída de emergência em versões com maior capacidade, se soltou do restante da estrutura. Além disso, várias companhias aéreas relataram a descoberta de parafusos soltos durante inspeções de segurança, agravando ainda mais a situação. Essas notícias trouxeram de volta a atenção global para a Boeing e seu CEO.

Com os novos problemas enfrentados pela Boeing, surgem questionamentos sobre a persistência de desafios relacionados à qualidade de produção e segurança, independentemente da mudança de CEO. Embora Calhoun esteja no centro das críticas, muitos argumentam que as raízes dos problemas estão profundamente enraizadas nos escritórios da gigante americana. Atualmente, David Calhoun está sendo crucificado por questões que ele herdou, em vez de serem originadas sob sua liderança.

É importante destacar que o projeto do MAX 9, agora enfrentando complicações, foi introduzido em serviço desde 2018, dois anos antes da ascensão de Calhoun ao cargo executivo da empresa. As preocupações sobre a qualidade e segurança das aeronaves remontam à gestão anterior.

Em um pronunciamento público, Calhoun não apenas assumiu a responsabilidade pelos incidentes recentes, mas também reconheceu as deficiências do passado. Ele declarou: “Nós simplesmente devemos ser melhores; nossos clientes merecem mais”.

Tanto David Calhoun quanto Muilenburg não são os vilões desta narrativa; eles são meros peões em um jogo interno mais amplo dentro da Boeing. A gigante americana pode trocar de CEO quantas vezes quiser, mas enquanto não identificar e corrigir a raiz dos problemas, as questões persistentes continuarão a assombrar a empresa. Mudanças na liderança, por si só, não são suficientes para resolver os desafios subjacentes.

É crucial compreender que a complexidade dos problemas enfrentados pela Boeing vai além das figuras de seus CEOs. A empresa precisa olhar profundamente para dentro de suas estruturas internas e processos para identificar as lacunas que contribuíram para os problemas de qualidade e segurança em suas aeronaves. Sem uma abordagem holística e sistemática para resolver essas questões estruturais, a troca de liderança pode parecer apenas uma solução superficial.

É compreensível que o público busque culpados individuais para os problemas de uma empresa tão influente. No entanto, a realidade é que os desafios da Boeing vão além das ações de um único líder. É necessário um esforço organizacional coletivo para reformular os processos, implementar rigorosos padrões de qualidade e fortalecer os protocolos de segurança.

A Boeing enfrenta um momento crucial em sua história, onde a responsabilidade não recai apenas sobre a liderança, mas sobre toda a organização para efetuar as mudanças necessárias.

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